Legados de Liderança – Parte 1

Há 12 anos trabalho na área de tecnologia e, a cada ano e através de cada liderança que me guiou durante esse trajeto, aprendi algumas coisas importantes que me tornaram o líder que sou. Hoje, estando à frente de um time grande e relevante, entendo o trabalho dos que vieram antes de mim e me lideraram por um caminho que, muitas vezes, não foi agradável, mas necessário. É como muitos dizem: você valoriza muito mais seus pais após se tornar um você mesmo, e a liderança parece ter o mesmo viés. 

Gostaria de compartilhar alguns dos aprendizados e ensinamentos que meus mentores me ensinaram durante esses anos, sendo alguns deles ativamente repassados e outros inconscientemente absorvidos ao observá-los liderar. 

 

1. Lidere na linha de frente

Um líder presente é um bom líder. É motivador, inspirador e está na linha de frente, e não fechado em sua sala – ou, de forma mais moderna, no status “Não Incomodar” no Teams/Slack/Skype. 

As equipes preferem ser inspiradas a serem corrigidas ou consertadas, e a melhor forma de inspirar sua equipe é a partir da linha de frente. O impacto nas pessoas é muito maior e perdura quando você é o exemplo do que quer ver no seu time.  

Se o orgulho do trabalho é importante para você e se você demonstrar isso para o seu time, eles terão orgulho do trabalho feito. Se estar empenhado na solução do problema e não na procura de um culpado for seu modo de trabalho, o seu time fará o mesmo. Se você for pontual, eles serão pontuais. 

Da mesma forma como o seu comportamento na linha de frente molda sua equipe, também a sua fala e seus pedidos importam. Vários autores e grandes líderes repetem esse ensinamento de diferentes formas, e pude presenciar várias delas nesses anos. 

Nunca peça algo ao seu time que você mesmo não esteja disposto a fazer, e quando você disser algo a eles, siga de acordo, o já conhecido “Walk The Talk”. Outro formato do mesmo ensinamento vem da segunda lei da liderança de Kouzes-Posner: DWYSYWD ou Do What You Say You Will Do, faça o que você disse que ia fazer, tenha credibilidade e terá lealdade. 

“Do everything you ask of those you command”, faça tudo que você pedir daqueles sob seu comando, frase do famoso General George Patton da 2ª Guerra mundial. 

“Você não pode mudar as pessoas. Você deve ser a mudança que deseja ver nelas”, de Gandhi. 

Nesse sentido, enquanto eu ainda atuava como um perfil técnico e ocorriam problemas graves ou complexos que necessitavam que o time atuasse por períodos mais longos, meus líderes estavam juntos com o time, tentando resolver o problema, evitando interrupções e apoiando com o que fosse necessário. Eles estavam dispostos a estar junto, se importar com o problema e demonstrar que se importavam. Isso teve um grande impacto na minha evolução e tive sucesso em replicar isso em alguns momentos na minha liderança. 

 

2. Os donos e as vítimas

O ambiente corporativo possui muitos desafios a serem superados, principalmente para profissionais mais jovens e/ou não maduros o suficiente. Estes acabam trilhando um caminho de vitimismo que pode minar seu potencial de crescimento. 

Os donos assumem responsabilidade sobre o seu futuro e sua felicidade, e as vítimas tendem a se esconder em desculpas e circunstâncias que causam seus problemas. Muitas pessoas passam por esse cenário em algum momento de sua carreira, achando que o mundo lhes deve algo por puro merecimento, característica proeminente em jovens. 

Relato abaixo uma breve história em que me vi assumir esse papel e ser removido dele por um líder astuto que soube me interpretar. 

Ainda no meu início da carreira, atuando tecnicamente, me vi num time onde consegui, em pouco tempo, absorver as atividades de relativa complexidade através do apoio de um colega mais experiente. Porém, o time sofreu mudanças e esse colega experiente e outros tiveram que deixar a empresa. Com isso, acabei me tornando o profissional mais experiente da nova turma de colegas, e as atividades e responsabilidades me levaram à sobrecarga. Junto ao time, o líder imediato tratava de assuntos de gestão e não se envolvia na área técnica. Na minha jovem cabeça, eu fazia todo o trabalho e isso era uma injustiça. Isso me levou a uma conversa com o líder do projeto, acima de todos nós, que transcorreu mais ou menos assim: 

[Eu] (Expliquei meu sentimento de injustiça)
[Ele] Mas você está assumindo mais coisas porque é bom tecnicamente, e sentimos que consegue conduzir os temas, isso é bom para você.
[Eu] (Reclamei sobre o líder que não ajudava)
[Ele] Mas ele está fazendo o trabalho dele, que é controlar os itens, saber o que está sendo feito e estar em contato com nosso cliente. É algo que você quer fazer?
[Eu] Não!
[Ele] Então cada um está fazendo a sua parte. Continue seu trabalho e ensine os novos colegas a lhe ajudarem. 

Ou seja, eu era uma vítima da situação que me encontrava e gostaria de uma solução, jovem e imaturo. A conversa abriu meus olhos, me mostrou que eu era o único responsável por me sentir daquela forma e que somente eu poderia mudar o cenário. Não posso dizer que aquilo me mudou do dia para a noite. Levou tempo, mas consegui me tornar dono das situações e do meu caminho a ser trilhado. 

Assim como brilhantemente esse líder conduziu a conversa comigo, nós, líderes, também precisamos estar atentos a esse tipo de comportamento em nossos colegas, atuando preventivamente para que o comportamento não seja recompensado de forma alguma. 

Algumas dicas são: 

– Recompense as qualidades dos donos sempre que possível.
– Seja você mesmo um dono.
– Se comprometa com o time.
– Não é necessário ser um otimista incurável, mas não incentive o vitimismo/pessimismo. 

O sentimento de dono só pode vir do próprio dono, e o líder deve encorajar e recompensar isso, fazendo o sentimento florescer com o tempo. 

 

**As opiniões aqui colocadas refletem a minha opinião pessoal e não necessariamente a opinião da Compass UOL. 

 

TAGS: #lideranca

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