A aprendizagem é mal compreendida

Ler fornece ao espírito materiais para o conhecimento, mas só o pensar torna nosso aquilo que lemos”. — John Locke

Durante anos fomos instruídos por um sistema educacional que dita que a repetição intensiva de “prática + prática + prática” é o caminho mais eficiente de se preparar para exames, vestibulares, testes acadêmicos ou até mesmo para o domínio de um determinado conteúdo. E intuitivamente acreditamos que reler diversas vezes nossas anotações e sublinhar sentenças de palavras em um texto, nos levará à fixação do conteúdo em nossa memória. Essas ideias são cada vez mais arraigadas por professores, escolas virtuais, instrutores e “coaches” que prometem aquele “curso intensivo de 8 horas (ou mais)”. Nenhum cérebro humano é capaz de reter atenção total por mais de 20 minutos e manter-se concentrado numa tarefa por mais de 1 hora sem interrupções, o que dirá um “aulão” intensivo de 8 horas?!

Concentração e atenção, são atividades que despendem energia e nossos estoques são limitados. Ao extrapolar essa energia, praticamente todo esforço subsequente será em vão. Todos nós, por conta do esgotamento, já experimentamos a sensação desconfortável de chegar no final de um parágrafo e darmo-nos conta de que não absorvemos absolutamente nada, então acabamos por reler novamente aquele parágrafo e além de gastar energia, gastamos um recurso valioso: tempo.

A verdadeira aprendizagem é contra intuitiva

Existe um paradoxo entre aprendizagem ativa passiva. Vamos analisá-las:

Na aprendizagem passiva, o ensino é leve e agradável. O professor apresenta o conteúdo e conduz o aluno ensinando-o tudo o que ele deve aprender, item por item, etapa por etapa. E segue-se para o próximo tópico somente quando o aluno “aprende” o tópico atual (ou acredita que aprendeu). Os assuntos explicados em aula caem na prova, as teorias são exemplificadas e as perguntas levantadas são respondidas. O maior esforço do aluno está concentrado em prestar atenção na aula para aprender. Peça para qualquer aluno descrever o seu professor ideal e teremos um narrativa semelhante a esta.

Na aprendizagem ativa, o ensino é desconcertante. As perguntas podem vir antes que a matéria seja apresentada. Há professores que nem sequer explicam o conteúdo e simplesmente passam enigmas e charadas para seus alunos tentarem decifrar. Os alunos são submetidos a um sistema de ensino onde se tornam os protagonistas, eles são condicionados a assumirem a reponsabilidade de seu aprendizado. Seus esforços estão em: analisar, levantar hipóteses, testar, descartar as hipóteses que não passaram nos testes, corrigir e chegar em suas próprias conclusões. Só então, após todo esse trabalho árduo, o professor conclui explicando matéria, corrigindo os resultados e fechando as lacunas de suas compreensões. A maioria dos alunos diriam que o professor é um preguiçoso, que mal explica a matéria e deixa todo o trabalho de pensar e ir atrás do conteúdo, em cima deles. E é aqui onde mora o paradoxo.

No ensino passivo o aprendizado é pouco, embora o aluno acredite firmemente que aprendeu. Em contra partida, em meio a toda situação perturbadora do ensino ativo, o aluno aprende a nível profundo e duradouro, porém acha que aprendeu pouco. Isso ocorre porque somos incapazes de apreciar corretamente quando estamos aprendendo bem ou não. Quando a jornada é difícil, longa, vagarosa e nem parece que foi produtiva, somos seduzidos a adotar estratégias atraentes, que requerem menos esforços porque todo conteúdo foi mastigado e sintetizado, além de que em muitos casos é apresentado em um ambiente controlado, livre situações adversas de um ambiente real e não nos damos conta de que essa estratégia é rasa e seus ganhos são temporários. A aprendizagem é mais profunda e duradoura, quando requer esforço.

“Teste ideias experimentando e observando. Utilize como base as ideias que passam no teste. Rejeite as que fracassam. Siga as evidências onde quer que elas nos levem. E questione tudo. Leve essas regras a sério, e o cosmos será seu.”
 Neil deGrasse Tyson, Cosmos — Mundos Possíveis

No próximo artigo dessa série de 3, irei abordar como a aprendizagem ocorre. Acompanhe o blog e aprenda cada vez mais!

Fontes: Medium

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