Cobertura Rio2C 2023 | Transformação Digital no Mercado Financeiro Sustentável: O Papel da Blockchain

Entre os dias 11 e 16 de abril, ocorreu a edição de 2023 do Rio2C, evento que reuniu grandes nomes das indústrias criativa e de entretenimento. Com foco em inovação, tecnologia e diversidade, o Rio2C oferece uma plataforma única para os participantes se conectarem, compartilharem ideias e aprenderem uns com os outros. O evento deste ano apresentou uma ampla gama de painéis, oficinas e palestrantes, além de um dia inteiro de Summits abordando temas desde esportes até cripto economia.    

O time do Innovation Studio de Future Hacking da Compass UOL esteve presente no evento e produziu uma série de conteúdos a respeito das discussões que acompanharam durante os seis dias de intensa programação do maior encontro de criatividade da América Latina. A publicação de hoje traz alguns destaques do Summit Crypto & Carbon, promovido pela Forbes, que ocorreu no primeiro dia do evento. O Summit focou em trazer à tona a inovação no mercado de capitais, agenda verde e criptoeconomia, enfatizando o protagonismo do Brasil nesse contexto e trazendo as oportunidades da tokenização, além de finanças descentralizadas, oferta de créditos de carbono e evolução do blockchain.  

Baseada na tecnologia blockchain, a criptoeconomia está se tornando uma força disruptiva em diversos setores. Isto porque, graças à blockchain, tem sido possível que soluções automatizadas efetivamente confiáveis sejam oferecidas, em especial em relação a quesitos de transparência, descentralização e segurança sobre transações. As expectativas sobre as mudanças que estes mecanismos podem trazer para o mercado financeiro tradicional também são altas, incluindo o mercado de capitais, componente responsável pela captação de recursos para empresas e governos por meio da emissão de títulos, como ações e debêntures.  

No final de 2022 foi sancionado no Brasil o Marco Regulatório dos Criptoativos e, recentemente, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), responsável por fiscalizar e regular o mercado de capitais, anunciou que as finanças descentralizadas (DeFi) serão oficialmente reconhecidas e integradas ao marco. Ambos os movimentos são fortes indícios das transformações que a criptoeconomia trará para o mercado financeiro brasileiro nos próximos anos.   

Há, porém, uma controvérsia sobre o mercado cripto em relação à uma necessidade urgente na atualidade: a redução de impactos ambientais. Isto porque, atualmente, a indústria cripto tem exigido um alto custo ambiental para operar. Um estudo da University of New Mexico revelou que as emissões de CO2 produzidas pelos processos de mineração de bitcoins, por exemplo, aumentaram de 0,9 toneladas em 2016 para 113 em 2021.  

Dadas as preocupações da comunidade científica e dos principais governos sobre esta pauta e, considerando ainda as recentes discussões internacionais (e tratados como o Acordo de Paris), o mercado cripto agora tenta encontrar maneiras de contornar estes problemas. E é se aliando ao mercado de carbono que parece haver alguma esperança, uma vez que este explora formas de compensar a emissão de poluentes, – como, por exemplo, por meio da comercialização de créditos de carbono – e incentiva o desenvolvimento de estratégias de mitigação, tanto para instituições privadas quanto públicas.   

Além das adequações ambientais, o mercado cripto e o mercado de capitais ainda podem se beneficiar do mercado de carbono por suas grandes oportunidades de investimento e perspectivas de crescimento, como exemplificou o presidente da CVM, João Pedro Nascimento, no painel “O Futuro é Verde e Digital: as oportunidades no mercado de capitais do amanhã”.  

Segundo Nascimento, por possuir muitos recursos naturais, o Brasil tem capacidade para suprir 47% da demanda global de créditos de carbono, podendo oferecê-los para empresas em todo o mundo. Ele também acredita na criptoeconomia e na tokenização como grandes aceleradores para o desenvolvimento do Brasil, especialmente em pautas como crescimento econômico, inclusão social, controle da mudança climática e preservação ambiental.  

No âmbito das finanças, o presidente da CVM supõe que, com o lançamento do Real Digital, em 2024, e sua adesão gradual pelo público, criptomoedas alternativas possam perder força de mercado em território nacional – embora ainda continuem operando, atendendo a demandas mais específicas.  

No mesmo painel, o CEO da Vórtx QR Tokenizadora, Carlos Ratto, definiu o mercado financeiro do Brasil como ‘extremamente desenvolvido’, especialmente quando comparado ao cenário internacional. Ratto atribui tal qualidade ao histórico de esforços para regulações no país, como, por exemplo, o Sistema de Pagamentos Brasileiro, que, 20 anos atrás, foi responsável pela criação das transações TED. Por isso, o CEO defende a existência de uma regulação avançada para o mercado cripto, que seja capaz de acompanhar seus movimentos à medida que ele se desenvolve – ao mesmo tempo que não o engesse, é claro.    

Falando no potencial brasileiro, a visão de que o Brasil é um dos maiores protagonistas para a ‘virada de chave climática’ nos próximos anos foi unânime no summit de Crypto & Carbon do Rio2C. Além dos apontamentos do presidente da CVM, o painel “O Potencial Brasileiro na Oferta de Carbono e Soft Power Verde” trouxe Carlo Pereira, membro do Conselho Regional das Redes da América Latina (Pacto Global da ONU), que foi bastante enfático sobre o papel do país neste cenário: “se o Brasil falhar, o mundo falha”. Pereira reconhece a vocação natural do país para se dar bem no mercado de carbono, mas afirma que este fator por si só não garante sucesso.    

A líder da Converge Capital, Marina Cançado, esteve presente no mesmo painel e levantou pontos de atenção bastante relevantes sobre o cenário atual no país: “A discussão no Brasil se tornou muito reducionista. Quando pensamos em crise climática, devemos pensar em governança climática. Não é culpa só do carbono. Água e outros recursos também devem ser considerados”, criticou.   

Cançado também vê a compensação de carbono como uma ferramenta que deve ser entendida como um mecanismo de transição, mas não como solução final – até porque, as estratégias que envolvem créditos de carbono estão ficando cada vez mais caras no mercado regulado, devido aos acordos internacionais. Para a executiva, entre as soluções que não se limitam aos créditos de carbono, além da substituição de energia fóssil por energia renovável, é importante que se desenvolvam novas tecnologias para transformar as cadeias de valor das empresas.  

Se um dia achamos que o mercado financeiro nada tinha a ver com questões climáticas, hoje já sabemos que se trata, justamente, do contrário. No último painel da sequência, “ESG e blockchain, a combinação para um futuro sustentável”, as discussões sobre a conexão entre negócios, sustentabilidade e criptoeconomia foram bastante reforçadas, salientando como pode ser vantajosa a lista de benefícios para as empresas preocupadas com ESG que utilizam a blockchain e o mercado de créditos de carbono.  

Ao todo, neste Summit, ficou evidente que o mercado de capitais, atrelado à criptoeconomia, se tornou uma grande potência para iniciar transformações efetivas nas lógicas de mercado e, certamente, servirá de exemplo e inspiração para mudanças em diversos outros setores.   

A importância da participação do Brasil neste processo também é evidente e, embora isso aponte para um cenário de vastas oportunidades, é necessário que o país conduza o momento levando em conta um conhecido ditado da cultura pop: “com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”. Será que estaremos preparados para encarar este momento com expertise e sabedoria suficientes?

Confira os demais textos sobre a cobertura do Rio2C pelo time de Future Hacking da Compass UOL:

 

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