Neste artigo, trago alguns exemplos práticos de aplicações da Inteligência Artificial em nosso cotidiano. Nós usamos IA o tempo todo, só não nos damos conta do quanto isso é recorrente. 

Confesse: você já buscou atendimento online e ficou em dúvida se estava falando com uma pessoa ou com um robô. 

“Olá! Meu nome é Fulano(a) e eu não sou um robô. Como posso lhe ajudar?” 

Recentemente, analisando interações em um canal de atendimento ao consumidor, me deparei com esta frase. Sim, nós já chegamos ao ponto em que muitas pessoas não sabem mais quando estão interagindo com seres humanos ou com modelos de IA! Desde robôs de atendimento, até personas públicas (modelos, influenciadores, artistas etc.). Existem modelos de IA para todos os gostos e necessidades de uso. 

Isso potencializou uma reflexão que, como profissional do campo da tecnologia, faço há um bom tempo: até que ponto as pessoas se dão conta do quanto a Inteligência Artificial está presente em suas vidas? A resposta é: muito mais do que se imagina e há muito mais tempo do que lembramos! Atualmente, a IA permeia não apenas tarefas cotidianas, mas também desempenha funções criativas e generativas que anteriormente eram exclusivamente humanas. 

Mas, afinal, o que é Inteligência Artificial?

É a capacidade das máquinas de imitar as habilidades cognitivas humanas e resolver uma variedade de problemas. Dentre os diversos campos em que esse tipo de tecnologia está presente, três áreas fundamentais destacam-se no nosso cotidiano: Linguagem, Áudio/Fala e Visão Computacional. A seguir, falarei um pouco sobre cada uma delas. 

Às vezes, o corretor ortográfico nos coloca em umas furadas, mas, de um modo geral, ele é um ótimo revisor de textos e diálogos. 

Linguagem 

Na esfera linguística, a IA realiza uma série de tarefas relacionadas ao processamento de textos. A IA desempenha um papel vital, desde a detecção de linguagem e extração de entidades (temas e assuntos) em textos até a análise de sentimentos e traduções. Além disso, modelos de IA generativos são capazes de criar textos a partir de inputs (comandos e instruções) do usuário, seja na forma de histórias, poemas, resumos ou até mesmo na tradução de texto em fala. 

Muitas destas funcionalidades estão presentes há muitos anos em corretores ortográficos de computadores e smartphones. Esses equipamentos não só revisam e corrigem nossos textos, mas, também, sugerem palavras e até frases inteiras, de acordo com o contexto do que estamos digitando. Também são comuns para ajudar a identificar e classificar possíveis spams em nossas caixas de e-mails. Outro exemplo presente em boa parte dos navegadores atuais é a função de traduzir textos on-line para outros idiomas. 

Devido ao “efeito GPT”, que democratizou o uso das Generative AI (ou IAs generativas), agora podemos solicitar para as máquinas gerarem textos inteiros sobre assuntos muito específicos. Também podemos pedir sugestões e ideias sobre diversos temas, para que possamos escrever nossos próprios textos. E, ao final, podemos requisitar que uma IA resuma o nosso texto ou acrescente mais informações. Depende da nossa necessidade e criatividade! 

Assistentes de voz já não são exclusividade do Homem de Ferro. 

Áudio e Fala 

A IA também se destaca na análise de áudio e fala, convertendo-os em texto, reconhecendo vozes e até mesmo interpretando sentimentos por meio da voz. Além disso, os modelos generativos nessa área são capazes de criar composições musicais e vozes sintetizadas, ampliando ainda mais as possibilidades de aplicação dessa tecnologia. 

Quem assistia Tony Stark no primeiro filme do Homem de Ferro conversando com o Jarvis, talvez não imaginasse o quão perto estaríamos disso na vida real. Hoje temos diversos e eficientes modelos de IA por comando de voz. Além das famosas Alexa e Siri, estamos frequentemente conversando com assistentes e robôs de atendimento que entendem a nossa escrita e fala, realizando tarefas cada vez mais complexas. 

Já é comum assistirmos vídeos estrangeiros com geração automática de legenda para uma infinidade de idiomas, inclusive, português. Isso sem mencionar os recentes vídeos com IAs dublando artistas do mundo inteiro, falando em outros idiomas, com a voz da própria celebridade em questão. 

Acho que a equipe de segurança nunca ouviu Daft Punk. 

Visão 

A capacidade da IA em processar e compreender imagens é notável. Desde a classificação e identificação de objetos até o reconhecimento facial e geração de imagens, a IA desempenha um papel crucial na análise visual. Os modelos generativos nesta área têm a capacidade de criar imagens a partir de descrições textuais, gerar imagens com estilos específicos e até mesmo reparar imagens danificadas. 

Há uns 10 anos (ou mais), quando você ia postar uma foto no Facebook, a plataforma já reconhecia pessoas do seu círculo social, presentes na imagem, e perguntava se você queria marcá-las em sua postagem. Hoje, os celulares corrigem a iluminação das fotos, adicionam ou removem elementos e até trocam ou removem o cenário inteiro da sua imagem, tanto em fotos quanto em vídeos, em tempo real! No campo generativo, já é possível dar instruções específicas e gerar imagens e vídeos com o contexto desejado. 

Além disso, as IAs já estão lendo textos extraídos de fotos, placas, documentos, boletos, textos antigos em linguagens humanas quase esquecidas, entre outras possibilidades. No segmento da segurança, temos dispositivos com reconhecimentos biométricos, que mapeiam nosso corpo e nos reconhecem pelo formato do rosto, olhos, ou impressões digitais. Nós utilizamos isso para desbloquear equipamentos eletrônicos, abrir portas de casas e veículos, usar aplicativos de bancos etc. 

Enfim… 

Além dos exemplos citados acima, a IA é empregada em uma variedade de outras tarefas mais específicas e especializadas, como detecção de anomalias em conjuntos de dados massivos, identificação de padrões de comportamento e recomendações personalizadas com base no histórico de compras dos clientes. Claro que isso traz uma série de implicações e mudanças no comportamento da sociedade e refletir sobre essas implicações é importante e indispensável. Mas isso é papo para outro artigo. 

Ah, sim! Eu usei IA Generativa para organizar minhas ideias antes de escrever este artigo e também para criar as ilustrações que estão aqui.  

*As opiniões aqui colocadas refletem minha opinião pessoal e não necessariamente a opinião da Compass UOL.