Vieses inconscientes são barreiras invisíveis que todos temos, que criam nossas tendências de comportamento, julgamento e pensamento e que carregamos durante todo o ciclo da nossa vida. São uma construção social a partir das experiências que vivenciamos desde pequenos, vendo o comportamento da família, da sociedade, do contexto em que estamos inseridos, dos colegas de aula e professores e muitos outros.
Existem mais de 188 vieses inconscientes, mas há cinco mais comuns conforme destacados pela ONU: viés de afinidade, viés de percepção, viés confirmatório, efeito halo/horn e efeito de grupo. Mas, aqui, iremos falar melhor sobre um viés que não é tão conhecido e divulgado, mas que é extremamente comum: o viés do ponto cego.
O viés do ponto cego é um viés cognitivo e é uma tendência a identificarmos mais facilmente vieses nas outras pessoas do que em nós mesmos, quando me considero consciente das minhas ações e de que elas não são tão tendenciosas quanto as de outras pessoas.
Trago um exemplo desse contexto no trabalho:
Em uma empresa, o código de ética e conduta proíbe o recebimento de presentes de clientes ou fornecedores, mas um fornecedor cede a mim o ingresso de um show. Eu vou e, ainda assim, digo a mim mesmo que isso não influenciará minha decisão de contratá-lo ou não. Por outro lado, se vejo essa situação ocorrendo com um colega, imediatamente penso que influenciará a decisão da pessoa sobre fechar negócio ou não com aquele fornecedor.
Esse viés ocorre, pois é mais positivo pensarmos que não possuímos nenhum tipo de preconceito ou julgamento e que nossas decisões e ações são puramente feitas de forma racional. Temos o desejo de sermos mais racionais e inteligentes que os outros.
Alguns padrões de comportamento são mais presentes nas pessoas mais afetadas pelo viés do ponto cego:
- Dificuldade em aceitar opiniões e conselhos de terceiros
- Dificuldade em reconhecer que precisa solicitar ajuda
- Dificuldade em admitir que não sabe algo
Pesquisas, hoje, trazem que muitas pessoas altamente preconceituosas acreditam que têm menos preconceitos que as outras; portanto, apresentam resistência em aprender mais sobre os assuntos e em admitir que possuem alguma crença limitante e que são, de fato, resistentes a isso.
*As opiniões aqui colocadas refletem a minha opinião pessoal e não necessariamente a opinião da Compass UOL