Uma pesquisa realizada pela FGV sobre Tendências do home office no Brasil, promoveu a percepção de que estamos reduzindo drasticamente a participação do modelo home office nas empresas brasileiras desde a interrupção nos avanços da pandemia. Mesmo mostrando o incremento na qualidade de vida, e a produtividade avaliada como equivalente ao trabalho presencial.
Proporção de empresas que adotaram o trabalho remoto ou regime de home office na pandemia e atualmente (%):
Fonte: FGV IBRE
É inegável que muitas empresas relutam em adotar o modelo. Um estudo da Microsoft apontou que 58% dos brasileiros estão interessados em trabalhar de casa. Porém, um artigo da revista Exame aponta que existe uma parcela de profissionais refletindo que seu perfil não se identifica com essa realidade de trabalho e, muitas vezes, o afasta de uma recolocação no mercado.
Ciente de que faço parte do perfil que precisa uma maior interação com os colegas de trabalho, ignorei algumas oportunidades com a desculpa: “Isto não é pra mim, preciso de contato com pessoas!”
Trago meu próprio relato sobre a mudança, quando completei o primeiro ano vivendo a experiência do trabalho 100% remoto, me dei conta, entre uma conversa virtual e outra, que o cachorro do vizinho está latindo freneticamente, e meus colegas que já viraram amigos, estão na outra ponta do país. É incrível como nos adaptamos e encontramos formas de preencher a lacuna do contato presencial. Isso me faz refletir tantas vezes que estive fisicamente perto sem ter tal proximidade.”
Muito além da imersão que as ferramentas de trabalho tem rapidamente evoluído para proporcionar, estão as práticas adotadas pelas empresas para garantir maior satisfação no dia-a-dia dos profissionais. Aspectos como comunicação, flexibilidade, liderança humanizada e processos bem definidos, devem ser levados em consideração no momento de decidir onde será o futuro da carreira.
Concordo que nada substitui a autenticidade de uma conversa frente a frente. Semelhante ao ambiente presencial, cabe a cada um encontrar maneiras de escapar do isolamento. Quando começar a sobrar aquele tempo que talvez fosse do deslocamento, pode ser uma boa ideia utilizá-lo para ver os amigos próximos.
É fundamental reconhecer que sempre haverá vantagens e desvantagens, e é necessário ponderar sobre quais delas são mais relevantes para o perfil de cada um. Em séculos de história de trabalho é a primeira vez que temos oportunidades de atuar em projetos globais sem sair de casa, e por mais desafiadora que possa ser essa nova dinâmica, é um caminho que encorajo a todos que explorem em algum momento.
