O mês da mulher quase sempre é lembrado como o mês de celebrar conquistas e contribuições em uma sociedade onde a desigualdade de gênero segue sendo um grande desafio para todos. Então resolvi me dedicar a expandir esse diálogo, encorajar e empoderar esse grupo do qual eu faço parte: mulher e mãe na carreira. 

Medos, inseguranças e milhares de dúvidas passam pela cabeça das mulheres que desejam viver a maternidade conciliada à carreira profissional. Sabemos que ser mãe é uma escolha para muitas mulheres, mas quando uma mulher embarca nessa jornada e mergulha neste mundo de descobertas, ela enfrenta diversos desafios, dentre eles a espera e/ou luta pelo positivo, a surpresa pelas coisas boas, perdas gestacionais e, não menos importante, as inúmeras incertezas e anseios com relação aos impactos da maternidade no trabalho. O medo e a dúvida se iniciam ali mesmo na gestação, ao necessitar se ausentar para realizar consultas e exames médicos, e posteriormente na licença-maternidade.  

Eis então que surgem as inúmeras dúvidas: Será que serei mais uma a enfrentar o preconceito no ambiente corporativo? Será que terei que renunciar ao meu trabalho, estudos e projeto profissional para me dedicar totalmente aos cuidados do meu filho?

Essas são só algumas, dentre muitas outras perguntas que nós mulheres nos fazemos.

A maternidade é tudo, menos uma ciência exata 

Se por um lado muitas futuras mamães passarão pela maternidade com tranquilidade em sua jornada, por outro lado, muitas delas precisarão lidar com outros detalhes, que vão além das inseguranças relacionadas aos itens citados acima – preconceito, medo da demissão e redução de responsabilidade. 

Mas como me enxerguei ao enfrentar essa barreira de acesso no mercado corporativo? Segue abaixo o meu relato pessoal direto. 

“Me vi como mulher acreditando que o meu papel no mundo após ser mãe não seria somente o materno e não sendo um ponto final aos meus sonhos ou metas profissionais. Embora tenha sido desafiador só de imaginar como seria desacelerar por um limite de tempo a vida profissional, embarcar nesta experiência de projeto de vida foi a minha conquista mais árdua até hoje, sem sombra de dúvidas.”  

Sentir que o meu líder estava preparado a me escutar e acolher foi tornando o processo mais sereno, com isso a realidade se transforma, pois se cria uma relação de confiança, adaptação e respeito entre ambas as partes. 

Debatendo o desafio a ser superado, mas celebrando a maior presença de mulheres em cadeiras de liderança 

Refletir sobre a condição da mulher, trabalhadora, gestante e puérpera é um importante passo para a conscientização no contexto corporativo, quando pensamos em equidade, diversidade e inclusão. Afinal, competência não se mede por gênero, nem pela escolha de ter ou não filhos. 

No ano de 2021 fui promovida a mamãe e, ainda durante a minha gestação, tive um reconhecimento no meu ambiente de trabalho. Reconhecimento este que me encheu de combustível. Novas responsabilidades e habilidades que me fizeram acreditar ainda mais que a maternidade pode potencializar uma mulher como profissional. 

A realidade de cada mulher com a maternidade é única e varia de acordo com a fase de vida, momento profissional, situação financeira, rede de apoio, entre outros fatores.  Mas também acredito que há uma boa parte em nossas mãos quando se trata de como lidamos com cada momento.  

Nasce um filho, nasce uma mãe, nasce uma líder 

Ao retornar da licença maternidade recebi uma nova missão: assumir um papel de liderança. Embora equilibrar e conciliar os papéis tenha se tornado ainda mais desafiador, impulsionar meu crescimento e desenvolvimento pessoal durante essa fase tem agregado ainda mais virtudes que se configuram em hábitos capazes de direcionar a excelência do que há de melhor na condição humana, trazendo responsabilidades e competências que podem, e devem, ser mais bem aproveitadas pelas empresas.  

Como mãe e líder os desafios se convergem: estar disposta a abraçar a adversidade, ter jogo de cintura para aceitar as circunstâncias e enfrentar todos os dias algo que ainda é desconhecido. Acompanhar os passos de um liderado exige todo um processo de desenvolvimento, postura humana, investir tempo e dedicação, compartilhar aprendizados e ensinamentos onde liderar tem muito mais a ver com doar do que com receber, mas também despertam novas habilidades como a aptidão para a liderança.  

Ser mãe é o maior papel de liderança que eu poderia vivenciar  

É preciso educar, ter paciência, estar presente, refletir ainda mais sobre os cuidados da saúde física e mental, direcionar, guiar caminhos (sem poder caminhar por eles), estender a mão para levantar quando há quedas e deixar que façam suas próprias escolhas e sejam protagonistas de suas histórias. 

Ao traduzir para o mundo corporativo é possível perceber a correlação com o trabalho de um bom líder 

A relação com os filhos exige muita inteligência emocional e empatia, habilidades muito raras e valiosas no meio corporativo. Quando aplicamos essas virtudes no ambiente de trabalho temos um grande trunfo nas mãos.  

Outros fatores pertinentes são: a gestão de crise e conflitos, resolução de problemas, adversidades e tomada de decisão. Aprendemos a aceitar que as pessoas cometerão erros (inclusive nós) e que é necessário falar sobre eles, gerar lições, aprendizados e seguir adiante, pois é assim que se constroem as relações de confiança pessoais e profissionais. 

No decorrer de uma longa jornada de vida será sempre necessário encontrar um equilíbrio frente às mudanças que te guiam a um propósito, seja ele pessoal, ou profissional, pois a conexão entre eles com certeza existirá. 

**As informações aqui colocadas refletem a minha opinião pessoal e não necessariamente a opinião da Compass UOL.