Todo início de ano surgem diversos artigos com previsões sobre o que fazer, o que usar e onde investir em tecnologia no período que se inicia. Entretanto, ainda estamos passando por uma situação completamente nova para todo o mundo, sejam eles consumidores, fornecedores, profissionais ou empresas em geral. O ano de 2020 nos forçou a aprender coisas novas e a mudar práticas e comportamentos, como por exemplo a adoção do home office por grande parte das empresas, até mesmo o crescimento expressivo do comércio eletrônico, motivado pelo isolamento social.
Lembro que no início de 2020, publiquei um artigo que falava sobre a China e como ela estava ditando as tendências para o ano que se iniciava. Direcionamentos dos meios de pagamentos, uso de QR Code, super apps, uso de reconhecimento facial para pagamentos, conveniência e educação eram alguns dos pontos abordados. Apesar das leituras e de enxergar isso, principalmente no setor da tecnologia, foi uma surpresa ver isso se concretizar e, principalmente, refletirem no mercado brasileiro.
Imagino que, se não fosse a pandemia, que mudou bruscamente a prioridade de quase todas as empresas, teríamos visto mais investimentos em reconhecimento facial, automações e na educação. Mas é fato que o estilo de vida baseado em conveniência já se estabeleceu na sociedade e no dia a dia das pessoas. Empresas como iFood, Rappi e todo o varejo já perceberam essa nova realidade e é isto que irá ditar os investimentos e tendências para 2021.
A nova jornada do cliente
Um mundo de conveniência, onde o consumidor, por meio de um smartphone, tem comodidade e praticidade, com inúmeros aplicativos à sua disposição, para resolver qualquer demanda, faz com que conhecer esse cliente se torne essencial para saúde financeira ou até para a sobrevivência do negócio. O uso de dados para traçar o perfil do consumidor já não é mais novidade. Neste cenário, o cliente precisa ser entendido, para que seu negócio consiga proporcionar a melhor experiência possível e essa jornada começa no primeiro contato digital com as diversas interfaces de uma empresa e nunca termina. O cliente está cada vez mais exigente e o encantamento contínuo é o que faz a diferença.
Um desafio maior está em conseguir atender os diferentes perfis de consumidores. Hoje temos Baby boomers, X, Y e Z convivendo e demandando de formas diferentes. Quem não conhece aquele pai, mãe ou avô que ainda gosta de ir a uma agência de banco falar com o gerente? Mas temos também a geração que evita ao máximo ir até uma agência física, preferindo resolver todas as questões pelo app ou até mesmo interagir com um Bot via texto. Esse é só um exemplo, mas ele está em todos os mercados, gente que compra camisa experimentando na loja e outros que já medem em casa o corpo e as pedem pelo app, pessoas que preferem escolher os vegetais na feira e aquelas que já terceirizam essa tarefa solicitando um delivery.
Esta é a realidade e o uso de plataformas de Big Data, Customer Relationship Management aliadas a uma plataforma de Marketing Digital e uma experiência Omnichannel no processo de venda são essenciais para a sobrevivência das empresas no novo mundo. Para atingir o nirvana, onde o cliente tem a melhor experiência possível, a tecnologia é apenas o meio onde tudo que é pensado no negócio é traduzido para os recursos em nuvem trabalharem a favor dessa experiência. É nesse momento que as plataformas de serviços cognitivos, analytics, Big Data e edge computing entram para facilitar as diversas soluções em implementação. Atualmente, a grande vantagem é que podemos consumir tudo isto como serviço e pagar pelo uso, consumindo direto dos diversos fornecedores de software, soluções e serviços em nuvem. O ganho para a disponibilização de um MVP e até mesmo soluções prontas é considerável e, no final do dia, são meses de trabalho a menos.
Educação ainda é um desafio no Brasil
Formação de mão de obra no Brasil continua sendo um imenso desafio. A demanda por desenvolvedores, engenheiros de software e engenheiro de sistemas segue extremamente em alta. Se existe um benefício em toda essa situação de pandemia, podemos dizer que foi a possibilidade de contratar profissionais de qualquer lugar do Brasil ou do mundo, pois a necessidade de ele estar presente em um escritório já não existe mais. Mesmo assim, caso o Brasil, em algum momento, atinja marcas de crescimento superiores ao que estamos acostumados a ver, poderemos ter uma escassez grande de profissionais na área prejudicando o crescimento das empresas.
Percebe-se que as grandes empresas desenvolvedoras de tecnologia não esperam mais por soluções do Governo. O que vemos são iniciativas de formação profissional totalmente privadas que passam por bolsas de estudo, incentivo a certificações, programas de treinamento e formação em tecnologias estado-da-arte. Todos se beneficiam com estas iniciativas, a comunidade, a empresa, os consumidores e o próprio país. É assim que seguimos na jornada de tornar o Brasil tecnologicamente relevante consumindo e produzindo tecnologia para todo o mundo.